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2/3: E depois do Darwin?

abril 16, 2019 em 7:53 , Nenhum comentário

Como eu expliquei no post anterior, a competição entre machos pelo acesso às fêmeas e a escolha de parceiros sexuais pelas fêmeas são os dois mecanismos descritos por Darwin para explicar como a seleção sexual ocorre. Apesar de ter dado o pontapé inicial, Darwin não foi muito além disso, pois suas ideias sobre seleção sexual encontraram uma enorme resistência dentro e fora da academia. O próximo grande passo na nossa compreensão sobre o SEXO no mundo natural ocorreu em 1948, quando o geneticista Angus John Bateman publicou os resultados de seus experimentos de acasalamento feitos com moscas de fruta (Link para a citação original aqui). Bateman identificou cada mosca e registrou o número de cópulas por indivíduo (sim, voyerismo animal), o número de filhotes por indivíduo e a habilidade dos filhotes produzidos em competirem com os outros por comida.

Fêmea e macho de Drosophila melanogaster copulando. Fonte da imagem

Bateman descobriu que: (1) quanto mais os machos copulavam, mais filhotes eles deixavam; (2) copular mais não aumentava o número de filhotes produzidos pelas fêmeas; (3) alguns machos conseguiam copular muito mais e ter muito mais filhotes que outros; (4) as fêmeas variavam pouco entre si na quantidade de cópulas e no número de filhotes produzidos ao longo da vida; (5) quando as fêmeas puderam escolher com qual macho copular, seus filhotes eram mais habilidosos em competir por comida do que os filhotes daquelas que copularam com machos sorteados por Bateman. Baseado nos resultados de seus experimentos, Bateman chegou a algumas conclusões gerais sobre o comportamento sexual de machos e fêmeas:

1)       Machos investem pouca energia por gameta, produzindo grandes quantidades de gametas pequenos e móveis (espermatozóides). Isto faz com que machos tenham o potencial de deixar um número maior de filhotes ao longo da vida, ou seja, possuam uma grande taxa reprodutiva potencial. Sendo assim, o sucesso reprodutivo de machos depende do número de fêmeas que eles conseguem fecundar. Por isso, espera-se que machos compitam entre si pelo acesso às fêmeas.

2)     Fêmeas investem muita energia e gastam mais tempo para produzir seus poucos gametas imóveis. Por isso, fêmeas tem uma taxa reprodutiva potencial menor. Logo, seu sucesso reprodutivo depende da qualidade do macho com o qual ela copula. Assim, fêmeas deveriam escolher bem com quem copular.

Esta atribuição de papéis sexuais para machos e fêmeas é chamada de paradigma Darwin-Bateman e foi um dos avanços mais importantes no entendimento de como a seleção sexual age sobre os organismos em geral.

 

Esquema lógico do Paradigma Darwin-Bateman. A partir de diferenças iniciais no tamanho dos gametas, temos uma sequência de eventos que influenciam o comportamento sexual de machos e fêmeas. 


No próximo post, vou explicar como e porque as espécies que fazem sexo para se reproduzir não se comportam exatamente como previsto Paradigma pelo Darwin-Bateman. Não percam!

Erika M. Santana


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